PONHA AS CARTAS
As cartas foram embaralhadas e começaram a ser postas sobre a mesa de tampo redondo. Elas vinham de um baralho de tarô recém aberto, comprando pela internet, junto com um dos livros do Osho. Todos queriam saber o que elas diziam, mas só aquela senhora sabia interpretar as figuras. Ela era uma mulher pequena que morava na rua. Recentemente ficaram sabendo que se tratava de uma taróloga maluca.
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Fonte: Love Tarot |
O tarô era novidade para eles, apesar de ter sido inventado há milhares de anos na ilha de Atlântida, e já ser muito praticado na Europa desde a Renascença. Aqui no brasil, o tarô, conhecido desde o século XIX, foi trazido dos Bálcãs pelos ciganos.
Para fazer a leitura das cartas de tarô não é preciso nenhum tipo de dom sobrenatural. Talvez um pouco de imaginação, e nada mais que não se possa alcançar com estudo. Segundo Mademoiselle Marie-Anne Lenormand, que previu detalhes da queda de Napoleão I, não existem segredos no universo para quem domina essa arte.
Naquela noite, O Imperador foi a primeira carta tirada do baralho. Ela significa controle e instabilidade do lado masculino. Uma carta poderosa, que também indica muitas alternativas no futuro.
Na casa estavam tão interessados nas cartas sendo viradas que nem foram ver o que era o barulho que tinham ouvido. Era o gato ficando preso na janela basculante e asfixiando.
A senhora virou mais duas cartas em sequência: O Eremita e A Justiça. Depois saíram O Mago, A Forca, O Eremita, mais uma vez; depois A Justiça, A Morte, O Sol, O Julgamento, O Mundo, duas vezes, e, por fim, O Louco.
As cartas foram recolhidas e embaralhadas novamente. A cartomante queria uma pausa para fumar, e que isso não fosse descontado do combinado. Quando disseram que não seria, ela perguntou se algum deles tinha cigarro.
O gato já estava morto na janela.
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