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Mostrando postagens de outubro, 2021

VULCAN

                 Ele sorriu e fez uma graça para disfarçar seu desgaste físico ao puxar mais uma vez a corda de arranque com suas mãos dentro de luvas de algodão.                As crianças riram alto, como filhotes de hiena.                Sua assistente de palco, que também era sua namorada, olhou para ele com apenas a cabeça de fora da caixa preta e lustrosa, dando a entender com seus pequenos olhos azuis o quanto ele estava ridículo fazendo aquilo.                Enquanto ajeitava sua cartola, pequena demais para sua cabeçona, o mágico tentou lhe dizer algo por entre seu sorriso quadrado, que a moça não conseguiu entender. Era que ela estava muito bonita com as lentes azuis.                Quando finalmente a coisa ligou, acabou assustando as crianças que não esperavam pelo barulho. Sua namorada havia lhe dito para não fazer esse truque em uma festa infantil, mas ele insistiu que precisava praticar.

FAMÍLIA

                O velho chamou a atenção do menino jogando a moeda para o alto. Era atrativo o som que fazia. Ele pegava a moeda de volta e a girava entre os dedos de ambas as mãos, depois a jogava de volta para o alto.                - Me ensina a fazer isso? - perguntou a criança.                 O velho jogou a moeda para o menino e ele a deixou cair no chão. A moeda rolou pela calçada e caiu entre as grandes do bueiro. O velho balançou a cabeça para mostrar seu desapontamento.                - Você tem mãos muito pequenas. Mãos que parecem de uma menina - ele disse, sabendo que não era verdade. Aquela era uma criança, e tinha mãos de criança.                Os olhos se enchendo de lágrimas.                 - Agora você vai chorar? - perguntou o velho.                As pessoas que passavam pela rua achavam bonitinho o avô e seu neto.                 O menino arremangou a manga, se ajoelhou na calçada e enfiou a mão entre as grandes. Tinha todo tipo de porcaria lá dentro, ele pôde s