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Mostrando postagens de outubro, 2022

NÃO QUERO SER GRANDE

                 Muito bêbada e sentindo sua calcinha molhada do sêmen de dois rapazes, cujo os nomes não fazia ideia, Isabel desceu do carro das suas jovens amigas, ao som de música alta e risadas, e saltou pelo portão dos fundos na madrugada de sábado. Caiu feio de joelhos do outro lado, se levantou e caminhou descalça pelo gramado, sem saber do paradeiro dos seus sapatos, e ainda sem dar falta do celular.                 "Essa foi a verdadeira festa de aniversário que eu precisava", ela pensou, sentando na área coberta dos fundos da casa dos pais.                - Trinta anos que nada! Ainda sou uma jovem princesa encantada...                O gato desceu da mureta e esfregou seu corpo felpudo de pelos pretos e brancos nela, mas Isabel mal percebeu. Estava perdida observando uma linha branca deixada pelo que parecia um avião a jato cruzando o céu naquele amanhecer. Tentou enxergar o piloto a bordo sem seus óculos. Detestava ter que usá-los e sempre os tirava para ir nas fe

O QUADRO DOS LEVEY

          - Que dia lindo! Ótimo para caminhar, passear, se divertir!               A animação não pareceu nada verdadeira à mme. Levey. Era  o fim de uma tarde ensolarada. Do outro lado da janela, pessoas caminhavam pela rua e conversavam alto. Muito suor, chinelos de dedos, bermudas, garrafas d'água e crianças.                "72 anos e ainda tenho que aguentar essas coisas".                 Sentia-se cada vez mais afetada pelo calor dos verões. Sempre foi uma mulher de dias frios, escuros e chuvosos. Tinha certeza de que sofreria quando fosse para o inferno.               Seu  quadro foi trazido de volta por um menino. A criança tinha dificuldade de carregá-lo, e foi o pai que colocou o quadro no balcão, fazendo com que fizesse um ruído, como de desaprovação.