CRIMES NA RUA DO ARVOREDO

Endereço ficou mundialmente famoso após um dos mais pavorosos acontecimentos do século XIX

Fonte: Criminal Expert

     Próxima a Catedral Metropolitana de Porto Alegre, na Rua do Arvoredo, atual Rua Fernando Machado, ocorreu um dos casos mais chocantes do Brasil. Nesse endereço, na segunda metade do século XIX, José Ramos, um homem alto, forte e de olhos esbugalhados, junto da jovem viúva húngara, Catarina Palse, supostamente colocaram em prática o plano de assassinar pessoas e comerciar suas carnes em forma de linguiça, no açougue que tomaram para si.

       Muito do que se sabe do caso da Rua do Arvoredo vem dos diários de Catarina. Lá estão detalhes de como no começo Carlos Claussner, verdadeiro proprietário açougue. os ajudou nos crimes, sendo responsável por ensinar as técnicas de tempero da carne para o casal, até ser assassinado por José e terminar virando linguiça como os outros. No diário ela também relata já ter experimentado um pedaço de uma das linguiças, por ter sido obrigada por José Ramos. 

       Era Catarina a encarregada de seduzir os homens que seriam sacrificados na Rua do Arvoredo. Sua predileção era sempre por homens que falassem alemão, já que ela não sabia o idioma português.

       Originária da Hungria, Catarina Palse foi uma jovem muito sofrida, que perdeu os pais artesãos na infância. Ainda jovem, foi violentada por estranhos, e se viu obrigada a casar com Peter Palse, aos 15 anos de idade. Foi então que viajou junto com seu marido para o Brasil, em busca de melhores condições de vida. O marido acabou desaparecendo durante a viagem de navio, e na época se concluiu que tenha cometido suicídio, pulando em alto mar. 

       No dia 18 de abril de 1864, depois de muito desconfiança pelo desaparecimento do açougueiro, a polícia vasculhou a casa de José e Catarina. Dois corpos inteiros e ainda vestidos foram encontrados no porão. Um deles era do taverneiro Januário Martins Ramos da Silva, e o outro de José Ignácio de Souza Ávila, de apenas 14 anos. Nos fundos da casa, já em estado avançado de decomposição, estava enterrado os restos de Carlos Claussner.

       Desde criança José Ramos era um apaixonado por degola, e por isso esse foi o método utilizado pelo casal para matar as vítimas. Essa paixão pela técnica teria vindo do pai de José, ex-combatente da Revolução Federalista no Rio Grande do Sul, que contava histórias sobre as execuções de inimigos para o filho. 

        O açougue onde as linguiças eram comercializadas, se localizava Rua da Ponte, atrás da Igreja das Dores. O local pertencia a Carlos Claussner desde 1859. Conta-se que o açougue sempre foi muito bem frequentado, e passou a ser mais bem visto pela população durante a gestão de José e Catarina.

        Além dos relatos dados por José Ramos e Catarina Palse, não existe provas de que eles realmente faziam linguiça de carne humana. Não foi encontrado nenhum corpo desmembrado ou descarnado, por exemplo, ou nada que desse respaldo à história.

Representação de José Ramos e Catarina Palse

        O caso dos assassinatos na Rua do Arvoredo ficou mundialmente famoso, sendo digno da atenção de Charles Darwin, que escreveu em uma nota para um jornal de Londres:

       “Informa-se que no extremo meridional do Brasil, em uma cidade chamada Porto Alegre, um grupo de perversos matou várias pessoas, usando sua carne para fazer linguiça, que não só comeram como induziram os habitantes a comê-la. O temor de que a humanidade perca sua posição nobre e volte à bestialidade é infundado. Regressões ocasionais sempre ocorrerão. Há chacais adormecidos em cada homem”.

       José Ramos foi primeiramente condenado ao enforcamento pelo Juiz Dario Callado, mas sua pena acabou sendo substituída por prisão perpétua. Sua cumplice  foi condenada a 13 anos de prisão. e há relatos de que ela  tenha morrido de hipotermia, anos mais tarde, depois de passar a viver nas ruas.


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