ESCRITORES E JORNALISMO

Chuck Palahniuk. Fonte: Radical Reads

       Inúmeros escritores tiveram uma passagem pelo jornalismo, diversas vezes investindo na profissão como forma de exercer suas capacidades como escritor nas funções de um jornalista, para ter uma renda financeira. Dentre os muitos nomes, posso citar Chuck Palahniuk, autor de Clube da Luta, que se formou jornalista e até trabalho para uma rádio e um jornal do Óregon, EUA, antes de desacreditar da profissão e abandoná-la para se tornar mecânico de caminhões. Chuck até compilou suas melhores reportagens no livro "Mais Estranho que a Ficção". Em entrevista ao programa de George Stroumboulopopoulos, em 2014, Chuck Palahniuk disse:

       "Acho que há dois tipos de escritores, um é o escritor - escritor, que vem através da academia e talvez possa escrever como um louco e sabe tudo sobre escrita. Mas eles têm muito pouco acesso à história. Normalmente, eles têm sua própria história. Eles têm um livro de memórias ou um grande livro e pronto. E então, o outro tipo de escritor, que tende a seguir em frente. São escritores que vêm através do jornalismo, e eles escrevem de forma muito simples, eles não são escritores realmente sóbrios, mas tendem a ter um ouvido muito bom para histórias. Eles reconhecem um história fantástica no momento em que a ouvem, e eles encontram uma maneira de transformar essa história em uma história maior, então eles são realmente ótimos ouvintes. Esses são escritores muito simples, de fala franca, e eu realmente prefiro os escritores jornalísticos, e isso é o que sou. Meu diploma é em jornalismo".

       "Estudar jornalismo é uma espécie de estudo da escuta. e também desenvolver disciplina, para que você soletre corretamente, consiga cumprir o prazo ...".

García Márquez. Fonte: BBC

       Um caso muito interessante foi de García Márquez, grande escritor colombiano, vencedor do prêmio Nobel de Literatura, em 1984. No caso de Garcia, ele chegava a inventar histórias para as reportagens, abusando de sua criatividade. Um exemplo foi  o corrido em 1954, quando o jornal El Espectador enviou Garcia para cobrir uma manifestação na cidade de Quibdó, no estado de Chocó. Depois de dois dias de viagem, quando o jornalista chegou lá, a cidade estava calma, não havendo sinal de manifestação alguma.  O que aconteceu foi que tudo havia sido inventado por um correspondente chamado Primo Guerrero, que passou notícias falsas para Bogotá.

         Para não perder a viagem, García Márquez resolveu entrar nessa com Primo Guerreiro, e reuniram um grupo de pessoas para serem fotografadas no centro de Quibdó, para fazer passar por uma manifestação. Garcia então escreveu a reportagem como o seu editor pediu, intitulada "História Intima de Uma Manifestação de 400 Horas". 

       Até Stephen King teve um flerte com a profissão de jornalista. Claro que ele era muito criança, não tinha nem 10 anos na época, mas mesmo assim acho que posso contra sua experiência com o irmão mais velho, quando os dois criaram um jornal para a comunidade, que contava até com pequenas histórias de King.

        Nos primórdio do jornalismo, ainda no iluminismo, tínhamos o grande Balzac trabalho como jornalista, em uma época onde opinião e notícia não se desvinculavam no texto. E para não deixar de fora as mulheres, há a excepcional Clarice Lispector como exemplo, considerada o maior nome judeu na literatura, desde Franz Kafka. Clarice também ingressou no jornalismo, e se destacou nessa profissão.

       O jornalismo veio de escritores com o dom de informar. Antes dos padrões de noticia e do desejo de se adaptar ao que o público quer. Os textos eram naturalmente mais artísticos, mas a notícias tinha com isso um valor a mais, em alguns casos, na minha opinião, embora o jornalismo hoje viva sua melhor fase.


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