O MARTELO DAS BRUXAS


       Quando era pequena, Ana não queria fazer o catecismo. Essa formação religiosa parecia séria demais para aquela menina, que preferia brincar nos fundos de casa com bonecas artesanais feitas por ela, de gravetos, folhas e penas, do que ir as aulas na igreja. Ana tinha interesses simples, e gostava de ir sozinha até o rio com seu  gato favorito no colo, para molhar os pés e ouvir sua voz ecoar na outra margem. O animal não tinha medo, porque acompanhava ela desde que era filhote. Era um gato preto, como olhos amarelos, como gemas de ovo.
Fonte: Acervo Digital do Museu Fitzwilliam

       Um dia, quando voltou de um passeio ao rio, Ana encontrou sobre a mesa um livro. "O Martelo das Bruxas". Quando terminou de lê-lo, ficou estranhamente empolgada com a ideia de ser uma bruxa. Depois pensou melhor, e teve medo da possibilidade do livro ser uma ameaça dos seus pais.

        O livro O Martelo das Bruxas, lançado na Alemanha no final século XV, veio com o objetivo de ser um suposto manual com informação sobre as bruxas e sua ligação com o demônio, ensinando a julgar e executar as pessoas condenas por bruxaria. Seu título original em latim é "Malleus Maleficarum Maleficat & Earum Haeresim, ut Framea Potentissima Conterens". Na tradução: "O Martelo Maldoso das Bruxas & Sua Seita, Revelando as Punições mais Poderosos. 

       Os monges dominicanos autores do livro "O Martelo das Bruxas", Heinrich Kraemer e James Sprenger, nunca tiveram sua obra aprovada pela igreja católica. Pelo contrário, o livro acabou entrando para a lista de livros proibidos por essa instituição. Mesmo assim, se tornou um símbolo desse período da história, e uma espécie de bíblia para os juízes seculares e inquisidores católicos.

       Principalmente entre os séculos XVII e XVIII, o simples fato de uma mulher demonstrar inteligência já era motivo para acusá-la de bruxaria. Ser feia, possuir verrugas, ser uma mulher viúva ou velha, também eram razões para isso. Claro que homens foram acusados e condenados por bruxaria, mas o número de vítimas homens é mínimo comparado ao de mulheres assassinadas por esse movimento de perseguição religiosa e social conhecido como "caça as bruxas". Em torno de 50 mil pessoas foram executadas por bruxaria nesse período da história. Dessas pessoas, talvez o nome mais famoso seja o de Joana d'Arc, queimada na fogueira em 1431.

       A bruxaria na idade média funcionou como bode expiatório para todos os problemas que a população enfrentava na época, principalmente a peste negra, que estava enchendo as cidade de cadáveres. Essa ideia serviu para fortificar a igreja católica, com base no medo do diabo, e acabou fazendo com que fosse instalando um regime de misoginia. 

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