LÉO

            Me arrasto por debaixo da cama por causa da dor em espiral na cabeça. O nervo trigêmeo é o que mais incomoda. O cachorro acha que estou brincado. Encontro um scarpin no meu caminho até a porta. Não posso pedir ajuda antes de sumir com o corpo daquela mulher.

             O corpo meio iluminado pelo sol, estendido na transversal, aponta à estante de livros. Toco num dos pés dela, está congelado. Quando as pancadas na porta começam, o terror que sinto que dificulta meu raciocínio, a dor pesa e me atrapalha.

           Vão chegar, não há tempo! 

            As nuvens cobrem a luz do sol, sinto aquela sensação de desprendimento do espírito, mas não acontece nada. É tarde demais, ouço o som da madeira da porta sendo partida.

            Quando o cachorro para de latir para cheirar minha ferida, agarro ele e tento a sorte.

            Uma grávida estrangulada e um homem com a cabeça fendida por um disparo de arma de fogo. É improvável que descubram o que aconteceu. Tudo sempre termina em uma suposição convincente e equivocada.

            Sinto níveis altos de nervosismo e apreensão quando passo pelos policiais. Quase ninguém se importa comigo. Só um homem para para ler o nome escrito na coleira.

            Léo.


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